6 de fevereiro de 2012
A derrocada dos ambiciosos planos europeus para o desenvolvimento das fontes energéticas ditas “renováveis” tem se aprofundado a olhos vistos. Dentre os exemplos mais recentes, destacam-se as acirradas discussões na Alemanha sobre o corte de subsídios governamentais à geração solar, que ganhou vulto com a abrupta elevação dos custos das tarifas de eletricidade, resultantes dos subsídios, além da queda acentuada das ações das principais empresas produtoras de componentes. Ao mesmo tempo, no Reino Unido, ganha força a proposta de reduzir a geração eólica, devido aos seus altos custos e ineficiência.
Na Alemanha, o maior mercado consumidor mundial de painéis solares, o ministro do Meio Ambiente, Norbert Reottgen, afirmou que planeja reduzir os subsídios à fabricação de placas solares, que têm garantido altos rendimentos aos fabricantes destes equipamentos. Analistas interpretam tal medida como um esforço para brecar o boom de construção de novas usinas solares, tal como ocorreu no ano passado – quando investidores adicionaram 7,5 gigawatts de potência em painéis solares, passado do teto de 3 gigawatts estabelecido por Roettgen para 2011 como o “aceitável” (Bloomberg, 20/01/2012).
Roettgen é o autor do plano de promoção das energias renováveis, que vem sendo alvo de críticas até mesmo de parlamentares de partidos da coalizão governista da chanceler Angela Merkel, a União Democrata Cristã (CDU, na sigla alemã) e o Partido Democrata Liberal (FDP), que atribuem aos subsídios a acentuada alta nas tarifas de energia registrada nos últimos anos.
De fato, a questão dos subsídios está dividindo o governo: as lideranças da CDU e do FDP escreveram uma carta a Roettgen, pressionando-o a rever a política de subsídios. O ministro da Economia Philipp Rösler, do FDP, já declarou apoiar a suspensão total dos subsídios às renováveis, assim como a bancada empresarial do CDU. Já há até mesmo uma data fixada: 2017 (Spiegel Online, 18/01/2012).
Apesar de o problema ameaçar criar divisões na coalizão governista, Roettgen vem tentando salvar o esquema, responsabilizando a concorrência chinesa na fabricação de painéis solares como o fator responsável pelo fracasso dos subsídios. Segundo ele, os incentivos do governo alemão não estão se convertendo em geração de empregos “verdes” e no barateamento da produção, devido à fuga de capitais para os fabricantes chineses, que produzem equipamentos mais baratos que a indústria solar alemã.
Todavia, o fato é que o montante dos subsídios à energia solar já superaram a casa de 100 bilhões de euros, com resultados questionáveis, que ameaçam os planos alemães para a transição para a chamada “economia de baixo carbono”. Apenas no ano passado, estima-se que o país tenha gasto cerca de 8 bilhões de euros em subsídios, enquanto as usinas solares responderam por apenas 3% da eletricidade gerada no país no mesmo período.
Além disso, o Sol não tem desempenhado o papel esperado: no atual inverno, os 1,1 milhão de sistemas solares existentes no país, praticamente, não têm gerado eletricidade, devido ao céu quase sempre nublado. Para compensar a falta, os alemães estão importando eletricidade da França e da República Checa, onde é gerada por usinas nucleares, e da Áustria, produzida na velha termelétrica a óleo de Graz (que teve de ser reativada para a tarefa).
Por tais motivos, o Ministério da Economia já considera que os programas de incentivo à energia solar e eólica representam um sério obstáculo às pretensões do país de abandonar a geração nuclear, tomada por Merkel no ano passado, após o desastre na usina japonesa de Fukushima.
Uma consequência direta dos questionamentos à geração solar foi a acentuada queda das ações das empresas produtoras de componentes para as usinas solares, inclusive, as das gigantes chinesas Trina Solar e JA Solar Holdings, que tiveram uma queda de 17% entre os dias 19 e 20 de janeiro. Na Europa, as empresas Meyer Burger Technology AG, Solarworld AG e SMA Solar Technology AG tiveram uma retração de 5,3% nas suas ações somente no último dia 20.
Abaixo as eólicas, dizem britânicos
Outro país europeu que está se desencantando com as fontes renováveis é o Reino Unido, onde uma nova campanha suprapartidária no Parlamento pretende que o governo decline do seu apoio à construção de milhares de fazendas eólicas projetadas para os próximos anos. Para os integrantes do movimento, as usinas eólicas – em especial, as situadas em terra – são caras, ineficientes e comprometem a beleza das paisagens do país. Os parlamentares britânicos querem uma revisão dos plenos, que, segundo estimativas, implicarão em um acréscimo médio anual de 280 libras esterlinas às contas domésticas de eletricidade, até 2020.
O deputado Chris Heaton-Harris, correligionário do premier David Camerno, é a força motriz por trás do grupo parlamentar antieólicas. Segundo ele: “Os ministros precisam reconsiderar essa política. Trata-se de uma tecnologia ineficiente, que cria impostos extras para o contribuinte, que afeta o balanço do Sistema Elétrico Nacional, em suma, é a energia renovável errada para o Reino Unido (Sunday Express, 22/01/2012)”.
Os planos oficiais preveem a construção de 32 mil novas turbinas eólicas nos próximos 20 anos, das quais 6 mil em terra. Atualmente, existem cerca de 3 mil turbinas em terra em operação, além de centenas no mar. Juntas, geram menos de 2% de toda a eletricidade do país e, como ocorre em outros lugares, são constantemente retiradas de operação pelas temperaturas muito frios ou por ventos excessivamente fracos ou fortes.
Ao mesmo tempo, ganha força entre os britânicos a opção de se investir na exploração de gás de folhelhos (shale gas). A defensora dos direitos dos consumidores Ann Robinson defende que o governo deve repensar a política energética, de modo a deixar de investir em formas caras de geração de eletricidade e priorizar as mais baratas. Para Robinson, diretora do sítio de comparação de preços uSwitch, os novos recursos de gás, especialmente o gás de folhelhos, tornam as termelétricas a gás natural uma opção economicamente mais atraente para o país.
Segundo ela, “a política energética precisa de uma visão apropriada se o Reino Unido, realmente, deseja dobrar a geração até 2050, tal como o planejado (Utility News, 23/01/2012)”.
Tais considerações sobre os altos custos das fontes renováveis e sobre as oportunidades que o gás de folhelhos traz para o país são particularmente relevantes no contexto da crise econômica mundial – o PIB britânico encolheu 0,2% no último trimestre, na primeira recessão oficial do país desde o quarto semestre de 2010, conforme informações do Escritório Nacional de Estatísticas.
A derrocada dos ambiciosos planos europeus para o desenvolvimento das fontes energéticas ditas “renováveis” tem se aprofundado a olhos vistos. Dentre os exemplos mais recentes, destacam-se as acirradas discussões na Alemanha sobre o corte de subsídios governamentais à geração solar, que ganhou vulto com a abrupta elevação dos custos das tarifas de eletricidade, resultantes dos subsídios, além da queda acentuada das ações das principais empresas produtoras de componentes. Ao mesmo tempo, no Reino Unido, ganha força a proposta de reduzir a geração eólica, devido aos seus altos custos e ineficiência.
Na Alemanha, o maior mercado consumidor mundial de painéis solares, o ministro do Meio Ambiente, Norbert Reottgen, afirmou que planeja reduzir os subsídios à fabricação de placas solares, que têm garantido altos rendimentos aos fabricantes destes equipamentos. Analistas interpretam tal medida como um esforço para brecar o boom de construção de novas usinas solares, tal como ocorreu no ano passado – quando investidores adicionaram 7,5 gigawatts de potência em painéis solares, passado do teto de 3 gigawatts estabelecido por Roettgen para 2011 como o “aceitável” (Bloomberg, 20/01/2012).
Roettgen é o autor do plano de promoção das energias renováveis, que vem sendo alvo de críticas até mesmo de parlamentares de partidos da coalizão governista da chanceler Angela Merkel, a União Democrata Cristã (CDU, na sigla alemã) e o Partido Democrata Liberal (FDP), que atribuem aos subsídios a acentuada alta nas tarifas de energia registrada nos últimos anos.
De fato, a questão dos subsídios está dividindo o governo: as lideranças da CDU e do FDP escreveram uma carta a Roettgen, pressionando-o a rever a política de subsídios. O ministro da Economia Philipp Rösler, do FDP, já declarou apoiar a suspensão total dos subsídios às renováveis, assim como a bancada empresarial do CDU. Já há até mesmo uma data fixada: 2017 (Spiegel Online, 18/01/2012).
Apesar de o problema ameaçar criar divisões na coalizão governista, Roettgen vem tentando salvar o esquema, responsabilizando a concorrência chinesa na fabricação de painéis solares como o fator responsável pelo fracasso dos subsídios. Segundo ele, os incentivos do governo alemão não estão se convertendo em geração de empregos “verdes” e no barateamento da produção, devido à fuga de capitais para os fabricantes chineses, que produzem equipamentos mais baratos que a indústria solar alemã.
Todavia, o fato é que o montante dos subsídios à energia solar já superaram a casa de 100 bilhões de euros, com resultados questionáveis, que ameaçam os planos alemães para a transição para a chamada “economia de baixo carbono”. Apenas no ano passado, estima-se que o país tenha gasto cerca de 8 bilhões de euros em subsídios, enquanto as usinas solares responderam por apenas 3% da eletricidade gerada no país no mesmo período.
Além disso, o Sol não tem desempenhado o papel esperado: no atual inverno, os 1,1 milhão de sistemas solares existentes no país, praticamente, não têm gerado eletricidade, devido ao céu quase sempre nublado. Para compensar a falta, os alemães estão importando eletricidade da França e da República Checa, onde é gerada por usinas nucleares, e da Áustria, produzida na velha termelétrica a óleo de Graz (que teve de ser reativada para a tarefa).
Por tais motivos, o Ministério da Economia já considera que os programas de incentivo à energia solar e eólica representam um sério obstáculo às pretensões do país de abandonar a geração nuclear, tomada por Merkel no ano passado, após o desastre na usina japonesa de Fukushima.
Uma consequência direta dos questionamentos à geração solar foi a acentuada queda das ações das empresas produtoras de componentes para as usinas solares, inclusive, as das gigantes chinesas Trina Solar e JA Solar Holdings, que tiveram uma queda de 17% entre os dias 19 e 20 de janeiro. Na Europa, as empresas Meyer Burger Technology AG, Solarworld AG e SMA Solar Technology AG tiveram uma retração de 5,3% nas suas ações somente no último dia 20.
Abaixo as eólicas, dizem britânicos
Outro país europeu que está se desencantando com as fontes renováveis é o Reino Unido, onde uma nova campanha suprapartidária no Parlamento pretende que o governo decline do seu apoio à construção de milhares de fazendas eólicas projetadas para os próximos anos. Para os integrantes do movimento, as usinas eólicas – em especial, as situadas em terra – são caras, ineficientes e comprometem a beleza das paisagens do país. Os parlamentares britânicos querem uma revisão dos plenos, que, segundo estimativas, implicarão em um acréscimo médio anual de 280 libras esterlinas às contas domésticas de eletricidade, até 2020.
O deputado Chris Heaton-Harris, correligionário do premier David Camerno, é a força motriz por trás do grupo parlamentar antieólicas. Segundo ele: “Os ministros precisam reconsiderar essa política. Trata-se de uma tecnologia ineficiente, que cria impostos extras para o contribuinte, que afeta o balanço do Sistema Elétrico Nacional, em suma, é a energia renovável errada para o Reino Unido (Sunday Express, 22/01/2012)”.
Os planos oficiais preveem a construção de 32 mil novas turbinas eólicas nos próximos 20 anos, das quais 6 mil em terra. Atualmente, existem cerca de 3 mil turbinas em terra em operação, além de centenas no mar. Juntas, geram menos de 2% de toda a eletricidade do país e, como ocorre em outros lugares, são constantemente retiradas de operação pelas temperaturas muito frios ou por ventos excessivamente fracos ou fortes.
Ao mesmo tempo, ganha força entre os britânicos a opção de se investir na exploração de gás de folhelhos (shale gas). A defensora dos direitos dos consumidores Ann Robinson defende que o governo deve repensar a política energética, de modo a deixar de investir em formas caras de geração de eletricidade e priorizar as mais baratas. Para Robinson, diretora do sítio de comparação de preços uSwitch, os novos recursos de gás, especialmente o gás de folhelhos, tornam as termelétricas a gás natural uma opção economicamente mais atraente para o país.
Segundo ela, “a política energética precisa de uma visão apropriada se o Reino Unido, realmente, deseja dobrar a geração até 2050, tal como o planejado (Utility News, 23/01/2012)”.
Tais considerações sobre os altos custos das fontes renováveis e sobre as oportunidades que o gás de folhelhos traz para o país são particularmente relevantes no contexto da crise econômica mundial – o PIB britânico encolheu 0,2% no último trimestre, na primeira recessão oficial do país desde o quarto semestre de 2010, conforme informações do Escritório Nacional de Estatísticas.
Fonte: Alerta em Rede
http://fiel-inimigo.blogspot.com/2012/02/o-desliga-liga-alemao.html
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