sábado, 29 de setembro de 2012

0335 - Entrevista Exclusiva com o Catedrático Português João Corte-Real!

“Ninguém pode, com seriedade científica, dizer que sabe o que vai acontecer no futuro. Nós não sabemos o que vai acontecer.”
Publicado: setembro 25, 2012 em Arquivo BFC!, Entrevistas e debates

A equipe fakeclimate está cada dia mais cosmopolita e a novidade de hoje é uma grande entrevista feita com João Corte-Real, uma das maiores autoridades em climatologia de Portugal e da Europa e que de forma muito simpática nos recebeu em seu gabinete para nos ceder informações valiosas e um pouco de suas opinões sobre aquecimento global, IPCC, energias renováveis e a política por trás de tudo isso!

Bom, sem mais delongas, vamos a essa entrevista épica!

Entrevista exclusiva com o Catedrático português João Corte Real!



(fonte: Universidade de Évora)
Fakeclimate: Há um embate entre modelos de clima e as observações em climatologia?

João Corte-Real: Para mim há dois aspectos, o aspecto das observações e o aspecto dos modelos. As minhas dúvidas em relação a posição oficial vem precisamente em relação as observações e não dos modelos. Porque as observações nos levam a concluir que, nos últimos 10 a 15 anos, aquela tendência que se observou de subida na temperatura média global parou. A temperatura média global continua acima do parâmetro de referência 61-90, mas agora flutua em torno de um determinado valor e a tendência que havia antes parece ter desaparecido.


O que na minha opinião não é consistente com o continuo aumento das concentrações de gases do “efeito estufa”, se o fator de origem antropogênica estivesse dominando não deveriamos observar isso, que é uma estagnação dessa tendência, que aliás, não é só na temperatura média global. Por exemplo, o IGBP português (Internacional Geosphere Biosphere Programme), que é um programa internacional que existe há mais de 20 anos e que foi criado exatamente pra estudar as mudanças globais. Portugal desde uns 8 anos para cá faz parte deste comitê, o IGBP fez um encontro em 2010, e nesse encontro houve a intervenção de uma cientista espanhola da Universidade de Barcelona que afirmou que as temperaturas em Espanha estagnaram.


Portanto, as minhas dúvidas vem de observações e não de modelos. Quanto aos modelos, todos nós sabemos e todas as pessoas que trabalham com modelos sabem, que os modelos óbviamente tem limitações. Porque as suas parametrizações são ainda deficientes em muitos campos importantes na dinâmica e na física da atmosfera, por exemplo, na física de nuvens, no papel dos aerossóis no sistema climático. Há muita coisa ainda por melhorar.


Agora, isso não significa que devemos deitar fora os modelos! Porque para podermos ter uma perspectiva do que será o clima no futuro isso só pode ser feito recorrendo a modelos, e isso não significa que precisam ser esses modelos, poderiam até ser outros, porém não devemos jogar os modelos fora. Eu pessoalmente gosto muito de modelos pois trabalhei na previsão numérica do tempo há muitos anos, no então serviço metereológico nacional. Porém não devemos confundir projeções de modelos com realidade, porque nós já percebemos que os modelos nos fornecem resultados que não são confirmados pelas observações.


Temos que encarar os modelos com uma certa “distância” embora os continuemos a utilizar e a melhora-los, eu julgo que os modelos são de alguma forma uma grande conquista da ciência, porque aquilo que já se conseguiu mostra que já conseguimos perceber muita coisa, embora há muitas coisas que ainda não percebemos completamente e não conseguimos modelar. Eu não nego que o homem possa influência negativamente o sistema da atmosfera, porém não acho que isso seja dominante frente aos fatores naturais.


Para o modelo atual, qual a influência do sol e da variação de manchas solares?


O sol é a principal fonte de energia para o sistema climático e por consequência as variações da atividade solar, que estão relacionadas a quantidade de energia recebida no sistema, eu julgo que não podem ser ignoradas. Diz-se que essas variações são muito pequenas e por isso o efeito será diminuto, no entanto, eu não sei se podemos tirar essa conclusão assim apressadamente...


Leiam a entrevista completa Aqui, no blog irmão: FAKECLIMATE


Parabéns ao blog Fakeclimate pela excelente entrevista!

Saudações Cariocas!

Maurício Porto
29 de setembro de 2012


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