quarta-feira, 12 de outubro de 2011

0070 - O EXTERMÍNIO DO POTENCIAL HIDRELÉTRICO BRASILEIRO


"Potenciais hidrelétricos são um recurso natural precioso.
Europeus, americanos, canadenses os exploraram
rigorosamente enquanto deles dispuseram."
 (David Waisman)


Por Alerta em Rede
26/08/2011


Com o título acima, o caderno de Economia do jornal O Estado de S. Paulo de 25 de julho publicou um artigo do engenheiro e ex-consultor legislativo do Senado David Waisman, com uma contundente crítica à redução dos reservatórios das usinas hidrelétricas construídas no País nas últimas duas décadas, devido às restrições impostas pelo ambientalismo. O texto é um oportuno reforço ao coro crescente de vozes contrárias às exigências ambientais que têm forçado que as hidrelétricas sejam projetadas para funcionar com reservatórios limitados, praticamente “a fio d’água”. Desta forma, não apenas abre-se mão da preciosa capacidade de “armazenamento de energia” que permite às usinas manterem a capacidade de geração em períodos de seca, como também fica prejudicada a capacidade dos reservatórios de contribuir para a regularização dos regimes hídricos dos rios, atuando no controle de cheias. Sem falar no encarecimento da energia, devido à menor capacidade de geração da usina.
Waisman não poupa palavras para descrever o cenário:
(…) Sob a égide de um preservacionismo radical, projetos de centrais hidrelétricas geradoras de energia limpa e renovável, quando não são vetados, são autorizados apenas se previamente mutilados enquanto recurso natural do país. Não é apenas o veto total a um projeto hidrelétrico que leva à multiplicação das termelétricas: o mesmo ocorre por efeito do veto parcial, aquele que impõe a execução de projetos de hidrelétricas em regime de grosseiro subaproveitamento do potencial hídrico local. (…)
Potenciais hidrelétricos são um recurso natural precioso. Europeus, americanos, canadenses os exploraram rigorosamente enquanto deles dispuseram. Foram aproveitados ao longo de muitas décadas e até hoje estão as correspondentes usinas hidrelétricas a sustentar o padrão de vida desses povos, complementadas pelas termelétricas que se tornaram indispensáveis dada a inexistência, naqueles territórios, de potenciais hidrelétricos adicionais. Ao aproveitamento dos potenciais hídricos para a geração de energia elétrica é, freqüentemente, incorporada a vantagem de se amenizarem as enchentes nocivas e a de se usarem os cursos d’água assim regularizados para outros fins úteis, tal como navegação e irrigação.
Depois de proporcionar aos leitores uma miniaula sobre os critérios racionais de dimensionamento de uma hidrelétrica, Waisman conclui com um duro ataque ao radicalismo “verde”:
Ora, se predomina o princípio da intocabilidade da natureza, como vem ocorrendo, e ao ser desprezado o mecanismo legal de compensação da inundação por ações de conservação em outro local, os projetos de hidrelétricas ou são vetados ou são mutilados, neste caso restringindo-se a área inundável a apenas aquilo que a natureza já inunda nas enchentes. Isto é, os projetos são implementados na modalidade “a fio d’água”, com subaproveitamento da energia firme que seria possível obter. Esse veto e essa mutilação equivalem, e isto não costuma ser percebido ou divulgado, a deixar perder-se para sempre uma riqueza natural preciosa. Por que a sociedade não admite fazê-lo com jazidas de minério de ferro ou com as reservas de petróleo, mas tolera a mutilação hidrelétrica imposta pelo ambientalismo intocabilista, é uma questão que precisa ser discutida. Enquanto isso não se der, continuará o criminoso desperdício de valiosíssimos recursos naturais, e se vão multiplicando as poluentes termelétricas do preservacionismo irracional.
O libelo do engenheiro Waisman é um bem vindo brado de alerta para a necessidade mais que urgente de se neutralizar ou mitigar os impactos negativos do ambientalismo, reduzindo-os a níveis minimamente racionais, que não imponham pesados óbices aos empreendimentos de infraestrutura, como tem sido a tônica desde a década de 1990. Oxalá a publicação do artigo em um jornal como o “Estadão” incentive outras vozes de peso a se manifestar, e que a chamada grande mídia lhes conceda o mesmo espaço que tem dado aos arautos do radicalismo ambientalista.


Fonte: Alerta em Rede

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