Por Carlos Ferreira
Rio, 27/setembro/2012 A União Europeia está pagando caro pela sua opção ideológica por liderar a “descarbonização” da economia mundial. Os líderes dessa empreitada, a Alemanha e o Reino Unido, estão sentindo fortemente os impactos negativos de tal projeto, com os elevados custos das usinas eólicas e solares para as matrizes energéticas dessas nações. Diante de tal quadro adverso, agravado pela desastrosa decisão de desativar as suas usinas nucleares, os alemães estão acelerando os planos para a construção de novas termelétricas a carvão, em mais um sinal de que os delírios ambientalistas estão em recesso no Velho Continente.
Em artigo publicado no Sunday Telegraph (23/09/2012), o jornalista britânico Christopher Booker destacou as consequências negativas da política de promoção das fontes “renováveis” na Alemanha, destacando que o caso serve de alerta para o próprio Reino Unido. Na matéria, Booker citou o fato de que, na manhã do dia 14 de setembro, as 3.500 turbinas eólicas existentes na Grã-Bretanha atingiram a geração recorde de quatro gigawatts, enquanto, no mesmo dia, na Alemanha, as usinas eólicas e solares atingiram um pico igualmente recorde de 31 GW (o país tem o maior número de turbinas eólicas no mundo, 23.000).
Todavia, esses fatos foram recebidos de forma bem distinta nos dois países: enquanto, no Reino Unido, a indústria de usinas eólicas proclamou um grande triunfo, que, supostamente, comprovaria a viabilidade econômica das “renováveis”, na Alemanha, o acontecimento foi diluído pela crescente desilusão em relação às fontes energéticas “verdes”.
Um dos maiores problemas enfrentados pelos alemães é a conhecida intermitência da geração eólica e solar, devido às grandes oscilações dos ventos e da luz solar, que fazem com que tais usinas experimentem variações de 0% a 100% de sua capacidade nominal em curtos períodos. Na Alemanha, a eficiência média das “renováveis” é de 17%, contra 25% das eólicas britânicas (nos dois países, as termelétricas a carvão e nucleares atingem índices superiores a 90%).
Na Alemanha, diz Booker, o sistema elétrico tem se tornado cada vez mais vulnerável às oscilações da geração “renovável”, o que tem acarretando uma série de prejuízos. Um exemplo citado pelo jornalista foi o de uma indústria de alumínio em Hamburgo, que, devido à queda de geração ocorrida durante poucos segundos, acabou sendo subitamente desativada, implicando em danos diversos no maquinário da empresa.
Diante do problema, o governo alemão tem sido forçado a encarar outra questão: para evitar o risco de interrupções do fornecimento causadas por tais eventos, o país se viu forçado a construir e operar uma rede de usinas termelétricas para funcionar como reserva para as “renováveis”, de modo a compensar a sua intermitência (como o Brasil também se vê obrigado a fazer). Estas termelétricas de apoio são mantidas em funcionamento ininterrupto, em atividade mínima – com o que, ironicamente, acabam anulando quaisquer supostas vantagens da “economia de carbono”.
Segundo Brooker, diante dessa pletora de problemas, o governo e o empresariado alemães começam a esboçar um recuo no projeto de uma “economia de baixo carbono”. As empresas E.on e RWE, duas das maiores geradoras de energia do país, têm planos para a construção de 16 novas termelétricas a carvão, além de 15 a gás natural, até 2020, que representarão um reforço de 38% na atual capacidade de geração de eletricidade instalada.
Além disso, segundo Patrick Hummel, analista do banco suíço UBS, nos próximos quatro anos, sete países da Europa Central irão adicionar 10.600 MW de capacidade instalada em novas termelétricas a carvão, além de 1.600 MW de termelétricas a gás (Bloomberg, 21/09/2012).
Carvão poderá salvar créditos de carbono
A maior ironia de todo esse impulso é que a ressurgência do carvão na matriz energética europeia poderá acabar contribuindo para salvar o combalido mercado de créditos de carbono da UE. Uma nota publicada no sítio tcheco especializado em investimentos Patria Online, em 21 de setembro, informa que uma análise efetuada pela empresa luxemburguesa Euro Carbon Macro Fund estima que os preços das permissões de emissões deverão experimentar um aumento de 73% até o final de 2013, em comparação às baixas históricas registradas neste mês de setembro.
Comentando o fato, em seu blog The Reference Frame (21/09/2012), o físico tcheco Lubos Motl, um crítico mordaz do catastrofismo climático, observa, com propriedade:
(…) O novo boom esperado, tanto na Europa Ocidental como na Europa pós-socialista, é a única maneira sensível de salvar o mercado de carbono. Não é irônico? Para que os alarmistas climáticos preservem a sua pele institucionalizada, eles devem fazer tudo para forçar as pessoas a construir novas usinas a carvão… Quase nunca, os planos – apostas arbitrárias irracionais e indefensáveis – são corretos ou realistas, motivo pelo qual os seus campeões, frequentemente, têm que fazer muitas coisas para salvar as aparências, inclusive, coisas que pioram a situação.
Tal fato denota, pela enésima vez, a escassez de credibilidade científica dos cenários catastrofistas sobre as mudanças climáticas supostamente induzidas pelas emissões de carbono. Como se percebe pelas movimentações europeias, o interesse maior não é reduzir as emissões, mas faturar com elas.
Fonte: Blog do Carlos Ferreira
Comentário deste Blog:
Caros leitores,
Há três dias, por acaso, entrei no Blog do Carlos Ferreira. Foi para mim uma grata surpresa. Não é um blog especializado em clima, mas Carlos Ferreira é um profundo e experiente conhecedor dos problemas energéticos mundiais e do Brasil.
Aqui está a forma como ele se apresenta:
"Sou engenheiro, com especialização em Políticas Públicas e Governo pela EPPG-IUPERJ. Atuo na área de energia nuclear. Sou ex-conselheiro do CREA-RJ e do Clube de Engenharia, onde atualmente sou membro do Conselho Editorial."
As importantíssimas questões de geração de energia vêm, nas últimas décadas, sendo atingidas criminosamente pelos adeptos desta gigantesca farsa do aquecimentismo e o seu falso ambientalismo promovido por partidos verdes, ONGs, pelo poderoso lobby das ineficazes energias "renováveis" e seus outros agentes desta trama política e econômica de dominação mundial, habilmente criada pelo establishment anglo-americano.
Por esta razão, aconselho a todos os leitores deste blog, que concordam com as idéias aqui defendidas e que queiram conhecer melhor as questões energéticas, que frequentem o excelente Blog do Carlos Ferreira, que além do mais, é um Nacionalista e defensor da nossa Soberania, como eu.
Maurício Porto
7 de outubro de 2012
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