O Reino Unido inaugurou em Setembro de 2010 o maior parque marítimo de geração eólica do mundo*. Situado na costa do condado de Kent, o parque de Thanet é composto por 100 aerogeradores flutuantes com capacidade nominal de geração de 300 MW, suficiente para abastecer cerca de 200 mil residências. A inauguração foi amplamente trombeteada pelo secretário de Energia e Mudanças Climáticas, Chris Huhne (e também por ambientalistas desinformados), como um marco para a meta traçada pelo governo britânico para elevar até 2020 a proporção de eletricidade gerada por fontes renováveis, dos atuais 2% para 15%. [1]
Segundo o secretário, Thanet é o “primeiro estágio” de um plano de construir outras 341 centrais eólicas com capacidade equivalente.
Não obstante, até o ambientalista mais entusiasta deve coçar a cabeça diante do elevadíssimo custo do empreendimento, que somente foi viabilizado por pesados subsídios oficiais, que, segundo o jornalista Christopher Booker, do jornal Daily Telegraph (25/09/2010), chegarão a 1,2 bilhões de libras esterlinas ao longo de duas décadas (a libra está cotada atualmente em cerca de R$ 2,70). Segundo ele, baseado nos custos atuais do programa nuclear francês, por este valor seria possível gerar 13 vezes mais energia que a capacidade real de Thanet em uma central nuclear.
Tentando justificar os custos do empreendimento “verde”, Huhne tem alegado que as novas centrais eólicas irão gerar “empregos verdes”. Entretanto, os especialistas afirmam que apenas 21 empregos permanentes são gerados em cada central com as dimensões de Thanet. Assim sendo, cada um desses “empregos verdes” custará 3 milhões de libras por ano aos contribuintes, aí incluídos os subsídios.
Igualmente, Booker adverte que os programas energéticos europeus baseados em tais fantasias “verdes” têm resultando em um desnecessário encarecimento da geração de eletricidade. A própria Estratégia de Energias Renováveis, divulgada em julho último, estima que o montante de investimentos necessários para se atingir a meta prevista para 2020 implicará num aumento médio de 20% nas atuais tarifas de eletricidade praticadas no país. Para os consumidores residenciais, as contas de eletricidade simplesmente dobraram desde 2003 (The Times Online, 11/07/2010).
Para complicar, como a geração eólica é intermitente, o fator de carga do parque é de aproximadamente 25% de sua potência nominal, ou seja, algo em torno de 75 MW. Segundo dados do próprio departamento de Huhne, em 2009, o fator de carga médio das eólicas britânicas foi de 26%.
Em resumo: a conta da atitude “ambientalmente correta” dos estrategistas energéticos britânicos será cada vez mais salgada.
[1]The Farm That Will Milk Britons Of Billions, The Sunday Telegraph, 26/09/2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário