Não nos esqueçamos das gerações presentes
Daniela de Souza Onça
Ano 03 - Nº 12 - Fevereiro de 2009
Todas as vezes em que um ambientalista é desafiado sobre a validade das previsões sobre as mudanças ambientais, eles tendem a adotar duas atitudes. A primeira é apelar para a existência de um consenso entre os mais importantes cientistas, políticos e organizações ambientais do mundo sobre a gravidade do problema.
Tal argumento, contudo, é facilmente demovido pelo cético desafiador, que abordará os interesses velados das organizações, o limitado conhecimento científico dos políticos em questão e as inúmeras e persistentes incertezas que transparecem até mesmo nos trabalhos dos cientistas favoráveis à causa.
O ambientalista desafiado, então, lançará mão de um segundo argumento: o princípio da precaução, segundo o qual se deve evitar tomar qualquer atitude que possa trazer graves conseqüências.
No caso da queima de combustíveis fósseis, acredita-se, existe o risco de que os gases produzidos possam elevar as temperaturas do planeta; assim sendo, mesmo na ausência de provas conclusivas desta hipótese, deve-se evitar o emprego deste tipo de combustível e estimular o uso de fontes renováveis de energia, que não adicionam dióxido de carbono à atmosfera.
O princípio da precaução, para a alegria do ambientalista, é um argumento de refutação muito menos simples do que o primeiro, pois envolve os medos mais íntimos do ser humano: a morte, o futuro, a mudança. O princípio da precaução é, dessa forma, um argumento fadado ao sucesso.
Em princípio, é claro, não há nada de errado na tentativa de prevenir riscos à saúde humana e ao meio ambiente. O que há de nefasto no princípio da precaução é a maneira como é interpretado pelo movimento ambientalista na atualidade, numa fórmula brilhantemente explicitada por Paul Driessen no documentário The great global warming swindle: “O princípio da precaução é sempre usado num único sentido. Ele aborda os riscos do uso de uma determinada tecnologia, mas nunca os riscos de não se usá-la”.
Em localidades muito distantes do conforto do ocidente, as pessoas não tem outra alternativa além da madeira e do esterco para obtenção de energia. Os impactos econômicos, de saúde e ambientais da queima desses combustíveis renováveis são imensos. As meninas e as mulheres passam horas todos os dias no penoso trabalho de cortar lenha ou de se embrenhar em fezes e urina de animais para coletar, secar e estocar o esterco para uso como combustível para cozimento, aquecimento ou iluminação, ao invés de freqüentar a escola ou desenvolver alguma atividade mais satisfatória, produtiva ou rentável. A fumaça produzida no interior das casas pela queima dessa biomassa renovável, e que constitui uma das mais mortais formas de poluição atmosférica, parece não representar grande perigo para os ambientalistas.
A Organização Mundial da Saúde afirma que cerca de um bilhão de pessoas, principalmente mulheres e crianças, estão expostas a severa poluição de ambientes internos e liga este fator a cerca de quatro milhões de mortes de crianças todos os anos no mundo, principalmente de doenças respiratórias. A queima desses combustíveis renováveis também contribui para asma e câncer de pulmão entre as mulheres – claro, em mulheres com “sorte” suficiente para viver o bastante para desenvolver um câncer.
Evocando o princípio da precaução, o ambientalista está, com ou sem consciência disso, ajudando a manter centenas de milhões de pessoas em todo o mundo em condições subumanas, tudo em nome de uma causa maior, de um pretenso interesse de toda a humanidade, a saber, preservar a saúde do planeta para as gerações futuras.
Bem, se os ambientalistas (em geral, bem-sucedidos cidadãos das nações desenvolvidas e seus simpatizantes) acreditam que qualidade de vida é sinônimo de maior contato com a natureza (leia-se renúncia às benesses do desenvolvimento tecnológico), deixemos que sigam em frente e vão viver em regiões afastadas do legado de centenas de anos de desenvolvimento técnico-científico.
Certamente terão no mínimo dez anos a menos de expectativa de vida, verão boa parte de seus filhos morrerem ainda na infância e desfrutarão de pouco conforto material. O que não se pode permitir é que esse ideal seja apregoado como o interesse maior da humanidade, especialmente porque grande parte dela ainda hoje vive, em maior ou menor grau, nesse “estado de natureza” tão admirado pelo movimento ambientalista. E eles não gostam. E eles estão cansados.
Fica então a pergunta: será lícito que, para (supostamente) preservar o planeta para as gerações futuras, devamos sacrificar as gerações presentes?
Daniela de Souza Onça: Doutoranda em Geografia Física, Departamento de Geografia - USP.
PS: Daniela de Souza Onça, recebeu o Título de Doutora em Geografia Física pelo Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo - USP, em 2011, defendendo a tese: “Quando o sol brilha, eles fogem
para a sombra...”: a ideologia do aquecimento global.
Esta tese pode ser baixada em arquivo PDF no site fakeclimate.
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